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Notícias / 03.2019

Grande parte dos veículos continuarão a ser equipados com motores híbridos e a combustão

Grande parte dos veículos continuarão a ser equipados com motores híbridos e a combustão

No ano em que comemora cinco décadas de existência, a Veneporte assinala outro marco importante no seu percurso: nada menos do que a parceria com a Faurecia, o maior fabricante mundial de sistemas de escape. “É uma data que deixará um registo na nossa história, tendo um significado muito importante para nós”, destaca Abílio Cardoso.

Localizada em Águeda, a Veneporte emprega, actualmente, cerca de 170 colaboradores e assume-se como fornecedor de referência no sector automóvel. Tendo como clientes alguns grandes grupos de construtores automóveis, o objetivo da empresa liderada por Abílio Cardoso passa por colocar todo o seu know-how em cada peça produzida, sendo a qualidade do produto uma das suas imagens de marca, ao nível do que melhor se faz no setor. Ninguém, por isso, melhor do que o próprio CEO da Veneporte para nos conceder uma entrevista.

A Veneporte celebra este ano o 50º aniversário. Que balanço faz destas cinco décadas de atividade ligadas ao fabrico de sistemas de escape para veículos automóveis?

O balanço que fazemos destes 50 anos é bastante positivo. Não são muitas as empresas que neste setor, particularmente exigente e competitivo, que atingem este número de anos de atividade. Tem sido um percurso feito de forma sustentada, em que temos vindo a aprimorar o nosso nível organizacional nos diferentes sectores da empresa e a consolidar a performance económico-financeira da empresa.

Como é constituída atualmente a empresa a nível de instalações e recursos humanos?

De momento a Veneporte conta com cerca de 170 colaboradores. Em termos de área a unidade principal encontra-se implantada numa área de 50.000m2, dos quais aproximadamente metade corresponde a área coberta. Durante o presente ano irão iniciar-se obras de ampliação e modernização das instalações técnicas e administrativas, das quais surgirão sensivelmente mais 1.000m2 de área coberta. 

Qual a importância do acordo celebrado com a Faurecia?

Ao longo dos últimos anos, fomos estudando as possibilidades de cooperação com a Faurecia, que foi agora materializada no acordo para a produção de peças para a gama Easy2Fit da Faurecia e, também, para a distribuição dos seus produtos em todo a Europa. Numa primeira fase, concentrados em França e na Alemanha. Numa segunda, alargando a todos os países da Europa. A oferta disponível é toda a gama atualmente produzida pela Veneporte e alguma gama Faurecia, que a Veneporte não fabrica e que está a ser integrada na oferta global das duas empresas. Tudo o que a Veneporte não fabrica ou não desenvolveu até ao momento, vai ser estudado de forma conjunta. Grande parte do produto continuará a ser fabricado pela Veneporte para as duas empresas, mas também haverá uma incorporação da gama já hoje fabricada pela Faurecia para o aftermarket.

Ser parceiro do maior fabricante do mundo de sistemas de escape, é o reconhecimento daquilo que foi o nosso trabalho e a nossa qualidade de produto. Isso terá de ser explorado no bom sentido, demonstrando aos grandes grupos de distribuição que podemos ser um parceiro fiável, com qualidade inquestionável e que pode ser uma mais-valia para eles também.

Que fatores mais importantes destaca no funcionamento da Veneporte? 

Sem dúvida a inovação ao nível do desenvolvimento do produto e a tecnologia de produção. O resultado é um produto com elevada qualidade, que o mercado reconhece e valoriza de forma crescente ano após ano.

Como caracteriza o vosso portfólio de produtos e o tipo de serviço que oferecem aos vossos clientes?

 O nosso portfólio é caracterizado por uma gama abrangente de produtos, que nalguns mercados garante uma cobertura do parque automóvel superior a 90%. Associado à gama de produtos, apostamos num serviço rápido, flexível e proativo.

Que opções estratégicas foram seguidas por si em relação aos processos de produção e à requalificação dos recursos humanos?

Nos planos estratégicos da Veneporte que foram executados ao longo dos anos sempre um existiu uma grande preocupação ao nível da constante melhoria e atualização dos processos tecnológicos e produtivos, à imagem daquilo que melhor se faz no setor a nível global. Também a qualificação dos recursos humanos é uma constante preocupação da empresa.

E como têm reagido os trabalhadores ao aumento tecnológico dos produtos e do próprio equipamento?

Nesse campo podemos dizer que sentimos que existe uma boa capacidade de adaptação aos novos processos e tecnologias, e nalguns casos há mesmo bastante interesse por essas evoluções.

Quais os objetivos a nível da excelência dos produtos que fabricam?

O aumento do nível da qualidade e a procura da excelência são preocupações constantes da Veneporte. Trabalhamos todos os dias no sentido de melhorar o nosso I&D, o processo produtivo, com o propósito de melhorar a performance dos nossos produtos e, dessa forma, nos aproximarmos das melhores práticas do setor.

Na última Automechanika, a Veneporte apresentou a nova plataforma B2B e um renovado catálogo para os anos de 2017 e 2018. O que representa para a empresa o lançamento destas ferramentas?

Estas ferramentas têm-se revelado fundamentais para um acompanhamento das necessidades e satisfação das expectativas dos nossos clientes. A plataforma B2B da Veneporte é uma ferramenta digital, onde os nossos clientes podem consultar stocks, efetuar encomendas, consultar histórico de compras e ter acesso a informação.

O objetivo é optimizar processos e contribuir para rentabilizar o nosso tempo e o próprio tempo dos clientes. A reactividade dos clientes à nova plataforma tem sido excelente e a sua adoção está a ocorrer a um ritmo superior ao previsto no nosso melhor cenário.

E relativamente ao catálogo, que particularidades apresenta? Quantas referências possui?

O catálogo da Veneporte está disponível em dois formatos: online e papel. A ferramenta fundamental é o catálogo online. Com cerca de 12.000 referências, é uma ferramenta digital que permite uma consulta rápida, com acesso a desenhos e tabela de aplicações de forma eficaz. Já o catálogo em formato papel funciona como um complemento, onde se encontram “apenas” 9.000 referências, ainda solicitado nalguns mercados e por clientes de clientes, normalmente estruturas mais tradicionais.

A Veneporte exporta cerca de 90% da sua produção? Quais os mercados onde está presente e quem são os vossos principais clientes?

A Veneporte exportou durante o ano de 2017 para 25 países. Desses, os maiores volumes registam-se na Europa, nomeadamente zona central e norte. Quanto aos principais clientes, destacamos os fabricantes de automóveis (tanto em regime OEM como OES) e os grandes grupos de distribuição a operar na Europa.

A Veneporte adquiriu recentemente o estatuto de “Approved Business Partner” do Groupauto International. O que significa este estatuto para a empresa e quais as mais valias que traz?

Esta distinção verificou-se no início de 2016 e naturalmente é um reconhecimento que muito nos honra. É acima de tudo um reconhecimento da qualidade de produto e nível de serviço, que potencia o surgimento de novas oportunidades de negócios dentro de todo o grupo.

O que representa o mercado nacional para a Veneporte? Que estratégias foram implementadas para fazer crescer a marca no nosso país?

O mercado português representa cerca de 10% do volume de negócios da Veneporte. A nossa estratégia tem passado pelo reforço das parcerias com os principais distribuidores, ações de informação e formação sobre a empresa e o produto, bem como a renovação da imagem e a disponibilização de novas e modernas ferramentas com o objetivo de tornar o negócio dos nossos clientes mais eficientes.

No mercado nacional a distribuição é feita pelos distribuidores que operam no aftermarket, dos quais trabalhamos com os principais.

O sistema de escape tem evoluído bastante nos últimos anos e as oficinas carecem de conhecimentos técnicos. O que tem feito a Veneporte a nível de ações de formação para as oficinas?

Na Veneporte temos organizado um conjunto de ações de formação tanto teórica como prática, destinadas àqueles que lidam com o nosso produto, quer do ponto de vista comercial quer técnico. Estas ações ocorrem por norma em colaboração com os nossos distribuidores.  

Considera que as oficinas têm conhecimentos suficientes para fazerem a manutenção / reparação dos sistemas de escape das viaturas modernas?

Diria que nem todas estão preparadas, em particular para os componentes mais técnicos, como é o caso dos catalisadores e filtros de partículas – de forma mais notória nos produtos de controlo de emissões destinados às normas euro mais recentes.

O que deve ser feito para manter as oficinas de reparação informadas sobre os modernos sistemas de escape?

Deve-se continuar a apostar na formação e na reciclagem de conhecimentos. Em paralelo, sugerimos que devem ser realizados, por parte de alguns organismos públicos, ações de informação e sensibilização acerca da utilização de produtos não homologados ou não adequados – para os riscos e consequências que provocam, quer para a saúde pública quer para o meio ambiente.

A Veneporte fabrica componentes para a parte fria e quente do sistema de escape? Qual a parte que representa maior volume de vendas?

O peso da parte quente tem vindo a subir ano após ano. No entanto, é a parte fria que representa ainda a maior fatia do volume de negócios da Veneporte, o que de resto é normal neste setor.   

Qual tem sido a evolução no fabrico dos catalisadores e filtros de partículas?

Do ponto de vista técnico tem sido enorme. As alterações nas normas de emissão Europeias têm-nos obrigado a desenvolver produtos mais exigentes do ponto de vista técnico e tecnológico, com performances ambientais cada vez mais rigorosas.

Como analisa a evolução do conceito automóvel e as tendências mais prováveis a curto/médio prazo? No futuro todos os veículos vão ser elétricos ou vai continuar a haver uma percentagem de veículos a combustão?

Existe muita desinformação a circular sobre esta matéria. Acredito que grande parte dos veículos irão continuar a ser equipados com motores de combustão (ainda que tendencialmente híbridos), sendo que haverá também uma quota crescente de veículos elétricos. No entanto, embora ninguém fale disso, os veículos elétricos aportam graves problemas de emissões de CO2, nomeadamente pela produção e desmantelamento de baterias. A produção de uma bateria gera um nível de CO2 igual ao gerado pela circulação de um veículo com motor a combustão durante 80.000 ou 100.000 km. No que toca ao desmantelamento de uma bateria, as emissões correspondentes são ainda mais preocupantes, correspondendo ao equivalente à circulação de um veículo com motor de combustão durante 120.000 ou 150.000 km. Somando estes valores, temos um número que é superior à média de quilómetros feitos por muitos veículos, nomeadamente citadinos e utilitários.

Quais são na atualidade os maiores desafios para a Veneporte? E quais as maiores oportunidades? 

Os maiores desafios prendem-se com a evolução tecnológica dos produtos, que exigem técnicas mais eficazes e tecnologias mais avançadas. Outros desafios a apontar estão relacionados com flexibilidade produtiva, capacidade logística e manutenção de um nível de serviço elevado. No campo das oportunidades destaco o potenciar a imagem de qualidade do nosso produto e conseguir capitalizar esse aspeto nos diferentes mercados onde a Veneporte está presente.

Quais são as linhas estratégicas para o futuro da Veneporte?

Naturalmente o reforço de posições nos clientes OEM e OES, o fortalecimento das parcerias internacionais com players de grande dimensão e o aprofundar das relações comerciais com os principais grupos de compra.

Fonte: Jornal das Oficinas, pág. 46-47